,,, |
Doutrina |
|
Diz-me outra vez o que queres. Quero matá-lo. E como queres matá-lo? Oh, meu mestre. Quero pegar-lhe fogo e ver-lhe a cara derreter. Quero tirar-lhe os olhos com uma colher ferrugenta e obrigá-lo a comê-los crus. Quero despejar-lhe água pela cabeça abaixo com o mais polar dos frios até asfixiar dentro de um elmo de gelo. Quero aplicar-lhe choques elétricos nos dentes até a língua começar a torrar. Quero espetar-lhe uma farpa na orelha, muito devagar, até sair pela outra. Quero pregá-lo pelas orelhas a uma parede e carregar-lhe os bolsos de chumbo. Quero enterrá-lo até ao alto do nariz e deixar-lhe só os olhos de fora. Quero… Que mal te fez ele para merecer tais tormentos? Nada, mestre. Tudo. Não precisa de ter feito nada. Basta-lhe existir. Não tem mulher? Filhos? Mãe e pai? Quem goste dele? Ficarão melhor sem ele, mesmo que ainda não o saibam. Será um favor que lhes faço. Não o mates hoje. Espera mais um dia. Já ontem o quis matar, mestre. E no dia anterior. Vejo que é realmente o que queres. Sim, é. Que me dizes, mestre? Pergunta-me amanhã. |