Não é por morreres tu que o mundo deixa de ser mundo,
Que a Terra deixa de ser uma esfera de pedra com magma por dentro,
Que o Sol passa a levantar-se a Poente e a pôr-se a Nascente.
Bem vistas as coisas, a tua morte pouco significa.
As estações continuam a seguir-se umas às outras,
Os rios continuam a correr para o mar,
A Lua mantém os seus quartos,
As lagartas continuam a fazer casulos, de onde saem borboletas.
O mundo segue sendo o mesmo,
Alheio ao vazio que soubeste preencher.
Não é por morreres tu que o céu deixa de ser azul,
Mesmo diluído em sulfato de saudade. |