Ser adulto é ser sério acima de todas as coisas.
É consultar suplementos de imobiliário e conversar sobre taxas de juro.
É conhecer aplicações financeiras e distinguir tipos de empréstimo.
Ser adulto é mudar o óleo do carro, pensar na inflação e atar os próprios sapatos.
Ser adulto é ir ao ginásio sem gostar de ir ao ginásio.
Quando se é adulto, há coisas que passam a ser proibidas:
Meter os dedos no nariz.
Meter qualquer coisa no nariz.
Meter o nariz em qualquer coisa.
Colecionar cromos.
Na infância... ah, na infância.
Na infância é que era bom.
O céu era mais azul na infância.
A erva mais verde.
As pastilhas Gorila tinham mais sabores.
(Morango ácido? Irresistível paradoxo.)
A infância. Sempre a infância.
Dez réis de gente, meio tostão de possibilidade.
Suprema parvoíce ontológica. |