Borro-me para o país
Borro-me para tudo
Borro-me para o que fiz e não fiz
E borro-me à vista de um surdo-mudo.
Borro-me para Janeiro
Borro-me para o Pai Eterno
Borro-me no meu fiel cão perdigueiro
E tanto me borro para o Céu como para o Inferno.
Borro-me para a praia
Borro-me à beira-mar
Borro-me quer caia quer não caia
E borro-me em memória do Salazar.
Borro-me para a política
Borro-me para o futebol
Borro-me no colo de uma prima paralítica
E borro-me só para sujar o lençol.
Borro-me para a situação
Borro-me para ti que estás a ler
Borro-me para o progresso da nação
E borro-me para o que mais apetecer. |